Somos o GIPA, um grupo de pessoas psicólogas, psicanalistas e psiquiatras atuantes nos estudos das relações raciais, construindo uma clínica militante para escutar pessoas negras que estejam candidatas ou envolvidas de forma direta em candidaturas negras no Brasil.
O projeto nasce com o objetivo de construir espaço de fortalecimento e suporte na escuta para as pessoas que estejam na militância político-partidária sigam apostando em um futuro com mais pessoas negras ocupando os parlamentos.
O Grupo de Iniciativa Psi Antirrascista (GIPA) foi formado em junho de 2022 como resposta ao tensionamento político que as pessoas negras sofrem ao se candidatarem e/ou atuarem nos espaços político-partidários. O GIPA é composto por pessoas psicólogas e psicanalistas que atuam através de uma constante reflexão crítica a respeito das relações raciais no Brasil e saúde mental da população negra. Tem como objetivo principal ofertar espaços de escuta gratuitos para pessoas negras que estejam como candidatas ou diretamente envolvidas em candidaturas negras em território nacional.
O GIPA reafirma o compromisso com uma clínica militante que busca apoiar, através de uma escuta ética, candidaturas negras e atuais representantes políticos dessa população. Em um país em que pouco mais da metade da população (54%) se autodeclara negra (IBGE), testemunhamos a pouca representatividade. Para além do pouco apoio à candidaturas negras pelos partidos, a permanência de representantes desta população é dificultada pela violência política, desmoralização da agenda racial e ampla resistência a projetos sociais que visam fomentar apoio à população mais pobre, especialmente às mulheres negras. São questões que interferem diretamente no bem viver de pessoas negras que ocupam esses espaços.
Não é sem espanto que nós do GIPA reconhecemos este cenário de desigualdade racial que adentra os espaços de poder e violenta as poucas pessoas que representam a maioria da população. Entendemos que uma das tarefas da psicanálise e da Psicologia pode ser propor formas de apoio aos projetos que visam a proteção dos direitos humanos. Que o caminho rumo à democracia dialogue e considere as diferentes culturas, religiões e a reparação de uma história que aniquila valores e conhecimentos da população negra. Enquanto a democracia que vivemos seguir sendo uma democracia de e para brancos, teremos como valor fundamental a luta antirracista, por maior representação política da população negra para garantir a defesa e promoção dos direitos a essa população que queremos viva.
É, a partir desta inicial reflexão, que o GIPA se propõe como uma iniciativa em saúde mental de apoio e fortalecimento às pessoas negras que atuam em candidaturas político-partidárias: que se alcancem cadeiras no parlamento e lá permaneçam para escancarar e combater o privilégio racial.